Hebert Redux
Acabo de transportar-me.
O ano, 1987.
Entardecer agradável no Clube Balneário em Cachoeira, Bahia.
Uma brisa forte e fria, - típica de um fim de tarde no verão - sopra sobre a minha pele, que ainda sob os efeitos da permanência prolongada na psicina, agradece.
Estou sentado num banco de cimento, ansioso por uma resposta.
Uma verdadeira operação de guerra.
Imagino: por onde será que anda o meu primo-interlocutor?
Primo este que foi ter com a interlocutora de Sylvia - minha paquera de então - sobre a possibilidade de nós irmos logo mais à noite ao cinema.
O tempo passa, nenhuma resposta.
Nenhuma explosão, nenhum sinal de fumaça, nenhuma bandeira branca.
Não há sinal de vida. Morreram todos?
Temendo pelo pior, já penso em esconder-me.
Talvez, aqui mesmo, cavar uma trincheira.
Ou seria melhor do outro lado?
Sei lá!
Na minha cabeça, uma música que nunca pára de tocar.
A-ha - I've Been Losing You
Feito assombração.
Eis que surge ao meu lado, a interlocutora da minha paquera. A principio achei que tudo tinha dado errado. Porém, graças a sua maior experiência - então, uma adolescente de 17 anos - disse-me haver contornado alguns "pequenos problemas" ao arrumar uma boa desculpa a fim de convencer os pais da Sylvia liberarem sua saída à noite...
Nesse momento, não ouvia mais nada. A trilha sonora na minha cabeça assumira o controle.
Devaneio.
Iria acontecer. Nossa como deve ser um beijo...
Abruptamente, sou interrompido por minha interlocutora-heroína preferida, com um leve puxão no braço.
- Hebert, 20:15 na esquina do cinema!
Sim. Acenava-lhe com a cabeça.
- Esteja lá!
A uma distância de cerca de 15 metros, meu primo - dois anos mais velho que eu - conversava com Sylvia que a tudo observava, ruborizada de vergonha, com seus 10 anos e alguns meses de idade.
Nossos interlocutores retornam aos seus emitentes.
Meu primo aproximando-se pergunta:
- Está tudo certo?
Respondo-lhe que sim.
É hoje, completo.
E aos 11 anos e alguns meses de idade, ainda encontrei tempo de despedir-me - mesmo distante - numa breve troca de acenos com minha então futura-namorada.
É hoje!
A-ha - I've Been Losing You
It wasn't the rain that washed away...
Rinsed out the colours of your eyes
Putting the gun down on the bedside table
I must have realized
It wasn't the rain
That made no difference
And I could have sworn it wasn't me
Yet I did it all so coldly
...almost slowly
Plain for all to see
Oh c'mon please now
Talk to me
Tell me; things I could find helpful
How can I stop now...
Is there nothing I can do
I have lost my way
I've been losing you
I can still hear our screams competing
You're hissing your s's like a snake
Now in the mirror stands
Half a man
I thought no one could break
It wasn't the rain
That made no difference
...nervously drumming on:Run away
But I want the guilt to get me
Thoughts to wreck me
Preying on my mind
So, please now
Talk to me
Tell me; things I could find helpful
For how can I stop now...
Is there nothing I can do
I have lost my way
I've been losing you
PS: É recomendável assistir a esse vídeo em tela cheia. Para isso, clique no ZOOM. Logo ao lado do contador de tempo.