terça-feira, 8 de abril de 2008

Hebert Redux

E ainda dizem que não existe tal coisa como uma Máquina do Tempo.

Acabo de transportar-me.

O ano, 1987.

Entardecer agradável no Clube Balneário em Cachoeira, Bahia.

Uma brisa forte e fria, - típica de um fim de tarde no verão - sopra sobre a minha pele, que ainda sob os efeitos da permanência prolongada na psicina, agradece.

Estou sentado num banco de cimento, ansioso por uma resposta.

Uma verdadeira operação de guerra.

Imagino: por onde será que anda o meu primo-interlocutor?

Primo este que foi ter com a interlocutora de Sylvia - minha paquera de então - sobre a possibilidade de nós irmos logo mais à noite ao cinema.

O tempo passa, nenhuma resposta.

Nenhuma explosão, nenhum sinal de fumaça, nenhuma bandeira branca.

Não há sinal de vida. Morreram todos?

Temendo pelo pior, já penso em esconder-me.

Talvez, aqui mesmo, cavar uma trincheira.

Ou seria melhor do outro lado?

Sei lá!

Na minha cabeça, uma música que nunca pára de tocar.

A-ha - I've Been Losing You

Feito assombração.

Eis que surge ao meu lado, a interlocutora da minha paquera. A principio achei que tudo tinha dado errado. Porém, graças a sua maior experiência - então, uma adolescente de 17 anos - disse-me haver contornado alguns "pequenos problemas" ao arrumar uma boa desculpa a fim de convencer os pais da Sylvia liberarem sua saída à noite...

Nesse momento, não ouvia mais nada. A trilha sonora na minha cabeça assumira o controle.

Devaneio.

Iria acontecer. Nossa como deve ser um beijo...

Abruptamente, sou interrompido por minha interlocutora-heroína preferida, com um leve puxão no braço.

- Hebert, 20:15 na esquina do cinema!

Sim. Acenava-lhe com a cabeça.

- Esteja lá!

A uma distância de cerca de 15 metros, meu primo - dois anos mais velho que eu - conversava com Sylvia que a tudo observava, ruborizada de vergonha, com seus 10 anos e alguns meses de idade.

Nossos interlocutores retornam aos seus emitentes.

Meu primo aproximando-se pergunta:

- Está tudo certo?

Respondo-lhe que sim.

É hoje, completo.

E aos 11 anos e alguns meses de idade, ainda encontrei tempo de despedir-me - mesmo distante - numa breve troca de acenos com minha então futura-namorada.

É hoje!




A-ha - I've Been Losing You

It wasn't the rain that washed away...
Rinsed out the colours of your eyes
Putting the gun down on the bedside table
I must have realized

It wasn't the rain
That made no difference
And I could have sworn it wasn't me
Yet I did it all so coldly
...almost slowly
Plain for all to see

Oh c'mon please now
Talk to me
Tell me; things I could find helpful
How can I stop now...
Is there nothing I can do
I have lost my way
I've been losing you

I can still hear our screams competing
You're hissing your s's like a snake
Now in the mirror stands
Half a man
I thought no one could break

It wasn't the rain
That made no difference
...nervously drumming on:Run away
But I want the guilt to get me
Thoughts to wreck me
Preying on my mind

So, please now
Talk to me
Tell me; things I could find helpful
For how can I stop now...
Is there nothing I can do
I have lost my way
I've been losing you



PS
: É recomendável assistir a esse vídeo em tela cheia. Para isso, clique no ZOOM. Logo ao lado do contador de tempo.